Bruno Vilela | Recife - Brasil * 1977

Documentário dirigido por Beto Brant e Cláudio Assis sobre a obra de Bruno Vilela

A poética do artista, que vem sendo afinada há mais de vinte anos, é conhecida pelo repertório de símbolos, mitos e arquétipos que conjugam natureza e cultura, tencionando categorias a priori distintas, em busca de um pensamento mágico. Reunindo imagens de várias manifestações culturais, Vilela elabora um léxico próprio, tendo a natureza como constante protagonista. Onças, matas fechadas, densas florestas tropicais, folhagens, rios e barcos nos convocam a uma experiência imersiva. Diante de sua pintura, por vezes questionamos a noção de tempo histórico, como se a narrativa se situasse num suposto “estado primordial” do humano. 
Pollyana Quintella

Bruno Vilela rivaliza com as formas de controle – sejam elas provenientes das visibilidades reproduzidas ou dos textos artificiais, que revelam nossos pactos, nossas condutas, nossas crenças - atentando-se às possibilidades de bordas possíveis à subjetividade, via construção de narrativas. Prepara fugas a essas saturações e regulamentos socializantes. Suas pinturas e desenhos são contrapontos a aprisionamentos imagéticos e conceituais, tentativas de resistências. Agem estilhaçando as compreensões manufaturadas. É recusado todo e qualquer caminho de constituição de sentidos, que seja unilateral. O que lhe interessa é a pluralidade dos destinos que as imagens podem evocar. Todas são verdades e mentiras. O artista atua nos esconderijos entre a fluidez e a simultaneidade do tempo, entre a efemeridade da matéria e a rigidez com que se estabelecem os conceitos, entre os arquétipos mundanos e uma mitologia pessoal. Sua poética constitui uma ironia trágica borrando o que o bom senso definiria em categorias assertivas e um mostruário de des-padrões e inconveniências sobre a memória, a paisagem, a religião. Ele disseca os temas, aprofunda-se em embates para a construção da imagem, com o desejo de desautomatizar o reconhecimento simbólico que cerceia nossos estímulos. E assim convida a nos perder em substâncias, paisagens e narrativas insondáveis, ainda alheias. Galciani Neves

É patente a tradição artística de Pernambuco no campo da pintura e do desenho, movimento que foi outrora nomeado de Escola Pernambucana de Pintura. Havendo produzido um terreno fértil para pintores que desde o século XVII aqui trabalharam (como Albert Ekhout e Franz Post). A partir da década de 1930, com a fundação da Escola de Belas Artes, que o estado experimentou a profissionalização e ampliação do lugar da pintura na sociedade. Marcada pela trajetória da pintura e do desenho na história da arte de Pernambuco, a Escola foi importante testemunha e fomentadora das continuidades e rupturas desse processo histórico. Em seus ateliês passaram muitos dos artistas que ativamente instauraram transformações na produção artística local. Pintores como Vicente do Rego monteiro, Lula Cardoso Ayres, Reynaldo Fonseca, João Câmara, Mário Nunes, Balthazar da Câmara, entre outros, passaram pela Escola e influenciaram e formaram gerações futuras, que deram continuidade a essa tradição de pintura e desenho, com artistas como Gil Vicente, Renato Valle, Rinaldo Silva, Jobalo, Flávio Emanuel, Alexandre Nóbrega, Paulo Meira, entre outros. As gerações dos anos 2000 não deram sequência a essa tradição com similar intensidade, dedicando-se a linguagens de caráter menos tradicional, como a performance e o vídeo. Decorre desse processo, uma rarefação da experiência e do debate pictórico na região, do qual pouquíssimos jovens artistas despontam como exceção. É o caso de Bruno Vilela, artista que, havendo passado pela Escola de Belas Artes (com sua formação clássica), vivenciou também possibilidades contemporâneas da pintura, do grafite ao design. Fazendo ver que hoje a pintura e o desenho se reinventam ao explorar sua própria historicidade, experimentando sua atual potência de sensibilização, a obra de Vilela é também a evidência de que o legado do desenho e da pintura pernambucana se mantém vivo. O artista está entre os principais pintores brasileiros de sua geração. Clarissa Diniz


“Eu tenho sonhos e pesadelos fantásticos. Gostaria de fotografar esses eventos que saltam do inconsciente na hora do sono. Na impossibilidade de fazê-lo eu os transformo em pinturas. Portanto, o problema da minha pintura é psicológico”; diz o artista. Vilela trabalha com a desconstrução e realocação dos mitos ancestrais, das liturgias e do imaginário das religiões, o pensamento primitivo e a obsessão por tornar "visível" as imagens do inconsciente. Desde 2010 desenvolve uma pesquisa na tríplice fronteira entre a fotografia, o desenho e a pintura. Atualmente busca uma relação entre literatura e artes plásticas. “Minhas pinturas contam histórias de uma mitologia pessoal. Não tenho interesse em fazer arte contemporânea, contingente de seu tempo. Minha motivação é fazer uma obra atemporal”; nos fala. Seu processo de trabalho está muito próximo do cinema. Prepara uma locação com modelo, atriz, figurino, luz específica, e fotografa a cena. Num segundo momento, de volta ao ateliê em Recife, escolhe a melhor imagem para pintar. O óleo vai onde a lente não pode alcançar. Suas obras em pastel seco também estão numa fronteira entre a pintura e o desenho, mancha feita em técnica seca sobre papel. Imagem fotográfica revelada com o uso da borracha e do carvão. 

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Exposições individuais

2022 – Drama Dream, Galeria Lume, São Paulo/SP.
2022 – Turquesa Escarlate, Garrido Galeria, Recife/PE.
2019 – Shiva, Galeria Anita Schwartz, Rio de janeiro/RJ.
2018 – Hermes, Galeria Amparo 60, Recife/PE.
2016 – O livro de São Sebastião, Galeria Anita Schwartz, Rio de janeiro/RJ.
2016 – Textos Bárbaros, Galeria Oscar Cruz, São Paulo/SP.
2015 – A Sala Verde, Palácio Pombal, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa/Portugal.  
2015 – ELA, MAC-CE, Dragão do Mar. Fortaleza/CE.
2014 – Animattack, Galeria Amparo 60, Recife/PE.
2013 – Dia de festa é véspera de dia de luto, 
Paço das Artes, São Paulo/SP.
2013 – Voodoo Drama, Amparo 60, Recife/PE.
2012 – Ouroborus, Galeria Laura Marsiaj, Rio de janeiro/RJ
2011 – Cabeça de santo, Galeria Mariana Moura, Recife/PE.
2010 – Bibbdi Bobbdi Boo, CCBNB, Fortaleza/CE.
2009 – O Céu do Céu, Museu do Estado de Pernambuco, Recife/PE.
2008 – Bibbdi Bobbdi Boo, Galeria Massangana, FUNDAJ, Recife/PE.
2006 – Réquiem sobre papel, Museu Murilo La Greca, Recife/PE.
2002 – A Imagem nº1, Galeria Baobá - FUNDAJ, Recife/PE.

Exposições Coletivas

2023 – About Water & Plants, Troy House Foundation, Londres/UK.
2021 – Espelho Labirinto, CCBB, Brasília/DF.
2020 – Conversas diplomáticas, Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte/MG.
2017 – Prêmio Marcantonio Vilaça, MuBE, São Paulo/SP.
2017 – Contraponto - Coleção Sérgio Carvalho, Museu Nacional de Brasília.
2017 – A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela,Caixa cultural/RJ.
2016 – Orixás, Casa França Brasil, Rio de Janeiro/RJ.
2015 – Fotos Contam Fatos, Galeria Vermelho, São Paulo/SP.
2015 – Art from Pernambuco, Embaixada do Brasil, Londres/UK.
2014 – O desenho como instrumento. Livros de artista no Sesc Pompeia, São Paulo/SP.
2014 – Frestas - Trienal de Artes, SESC Piracicaba/SP.
2013 – New Brasil Bolivia Now, Memorial da América Latina, São Paulo/SP.
2013 – Dos Percursos e das poesias, MAC – CE, Centro Dragão do Mar, Fortaleza/CE.
2012 – Metrô de superfície, Paço das artes, São Paulo/SP.
2012 – Zona Tórrida, Santander Cultural, Recife/PE.
2011 – World Bank Art Program, Washington/EUA.
2011 – Jogos de guerra, Caixa cultural, Rio de Janeiro/RJ.
2010 – Abre Alas, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro/RJ.
2010 – SESC ARTE 24 horas, Pier da Praça Mauá, Rio de Janeiro/RJ.
2010 – Jogos de Guerra, Memorial a América Latina, São Paulo/SP.
2009 – Investigações Pictóricas, MAC Niterói/RJ.
2002 – 45º Salão de Artes de Pernambuco, Recife/PE.
2002 – Projeto Prima Obra, FUNARTE, Brasília/DF.
2001 – 58º Salão de Arte Contemporânea do Paraná, MAC, Curitiba/PR.
2001 – Prêmio Internacional de Pintura de Macau, IMM, Macau.

Prêmios

2023 - Prêmio Design Brasil. Ouro no voto popular.
para o livro de carreira do artista A persistência da luz.
2013 - Melhor Direção de Arte de Curta-Metragem do 
Festival internacional de cinema de Triunfo.
2010 – Prêmio FUNARTE de Estímulo 
à Criação Artística em Artes Visuais.
2010 – Prêmio de Incentivo a Cultura do Estado de Pernambuco.

Coleções 

Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro/RJ
Biblioteca Mário de Andrade – São Paulo/SP
CCSP – Centro Cultural São Paulo – São Paulo/SP
Museu Nacional de Brasília – DF
Banco Mundial – Washington, D.C./EUA.
Centro dragão do Mar – Fortaleza/CE.
Centro Cultural do Banco do Nordeste – Fortaleza/CE.
MAMAM, Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães – Recife/PE.
Fundação Joaquim Nabuco – Recife/PE.
Museu do Estado de Pernambuco – Recife/PE.

Publicações

2022 – A persistência da luz 
2016 – O livro de São Sebastião  
2015 – A Sala Verde 
2014 – Animattack 
2010 – Voo Cego 
2010 – Cabeça de santo

 

 

 

© Bruno Vilela
Bruno Vilela